Metaforicamente eu me vejo em frente a um muro com marretas, que esmagam qualquer objetivo ou sonho.

Tenho 26 anos. Casei com 21 com a melhor mulher do mundo. Se eu estou vivo hoje é graças a ela.

Quando casamos começamos a trabalhar em boas empresas, e tínhamos um salários bons até em relação a nossa experiência e idade. Mas eu tinha um desejo de morar fora do país, pois sempre pensei que experiências internacionais agregariam muito na nossa carreira. Então deixamos nossos bons empregos e fomos começar uma nova vida na Europa.

Moramos aqui a 3 anos e tudo que conseguimos foi desilusões, empregos em que fomos humilhados por sermos estrangeiros e algumas doenças físicas e mentais.

Sinto que eu desgracei a vida da minha esposa, que tinha um futuro promissor na empresa em que estava.

Na escola eu era aquele garoto prodígio, tirei 10 em todas as matérias durante toda minha escola e até ganhei medalha na olimpíada de astronomia. Mas o mundo não é dos inteligentes. Quando a escola acaba, a vida vem e te dá uma porrada tão forte que você cai e nem entende direito o porquê.

Eu tinha um sonho de ser arqueólogo, mas hoje não tenho dinheiro para cursar a faculdade. Preciso trabalhar para sustentar minha casa e pagar o aluguel para uma das pessoas mais ricas da cidade.

Fora que não vejo meus pais, irmãos e avós há, e a saudade deixa tudo mais difícil.

Meu sogro vive perguntando pra minha esposa se já fizemos dinheiro, e sempre compara ela com primos e isso me deixa muito frustrado.

Fiz tratamento psiquiátrico com remédios para não me m*tar, mas não consegui finalizar os tratamentos por falta de dinheiro. Meus remédios acabaram e eu só estou sobrevivendo por conta de amigos e minha esposa.

Desculpa o desabafo aqui mas eu precisava escrever isso em algum lugar que não fosse o chatGPT falando as respostas clichês de sempre.

  • Cara, você é novo.

    Não rolaria voltar e recomeçar tudo aqui? 

    Se sua rede de apoio está aqui no Brasil, talvez seja a decisão mais certeira pra se tomar.

    Sim, já cogitamos isso, e era nosso plano pro início do próximo ano, até ela ser diagnosticada esse mês com TVP e trombofilia, o que nos impede de pegar um avião até ela finalizar o tratamento. Nesse meio tempo preciso trabalhar sozinho, o que torna impossível juntar dinheiro para voltar tão cedo.

    Mas com certeza o Brasil é a melhor opção pra gente, mas sinto que deixamos a melhor oportunidade de crescimento de carreira por um sonho. Nem da vontade de sonhar mais com nada.

    Não pensa assim, você é novo. Tenho convicção de que tudo isso vai passar logo.

    Se sua relação com seus familiares é boa, não tenha medo de se abrir e pedir ajuda.

    Se puder procure maneiras de se distrair um pouco, nem que for ver vídeos na internet, ler etc.

    Se conseguisse fazer alguma atividade física também seria bacana.

    E de novo: você viveu muita coisa pra pouca idade que tem. Você tem tempo suficiente pra se reorganizar, rever seus projetos e ambições. Não tenha medo e vergonha de recomeçar.

  • Ahhh, aquela velha ilusão de que ir pra fora do país é sempre o melhor.. amigo, fiz toda minha carreira no Brasil, já visitei vários países mas nunca nem passou pela minha cabeça morar fora. Estou muito melhor do que vários amigos que foram pros EUA serem pintores ou coisas assim e posam de ricos. Brasil é um país de muitas oportunidades pra quem sabe onde procurar.

    Enfim, você é jovem, imagino que sua esposa também seja. Dá tempo de recomeçar.

  • "na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza"

    A decisão não somente de se casarem mas também de partirem para a Europa foi conjunta, não tome as consequências como se fossem exclusivamentes suas, experiências como essa até mesmo fortalacem o casamento quando superadas. Se sua preocupação é de ter "desgraçado a vida da sua esposa", imagine o quão mais desgraçada ficaria ela ao ter que passar pelo luto do marido, que era o maior alicerce dela durante este período difícil, o suicídio é um dos atos mais egoistas que você pode cometer contra quem sempre lhe confiou o amor e a sincera companhia, você precisa ser forte.

    É um pensamento um tanto frio, mas em momentos dificeis me "conforta" (não que eu sinta prazer nisso, obviamente) saber que muitas pessoas infelizmente passaram por uma trajetória de dor consideravelmente maior que a minha: imagine uma mãe que perdeu o filho para o tráfico no RJ, de jovens ucranianos e russos morrendo em uma guerra sem sentido, de pessoas que morreram como na queda daquele avião no Nepal em 2023... sempre há alguém mais f*dido que você, infelizmente e felizmente.

    Com seu passado academico e cargos prévios em boas empresas, eu não vejo porque você teria problemas conquistando um novo emprego caso regressasse ao Brasil, caso não tenha o dinheiro para voltar ao Brasil, creio que também não seria tão difícil conseguir um empréstimo bancário ou ajuda dos pais/sogros.

    Se me permite lhe perguntar, com o que trabalha e como exatamente planejou esta ida à Portugal? Apenas juntou uma determinada quantia e foi? Já possuia cidadania europeia?

  • Me perdoe pelo que vou dizer.

    Não sei como é a sua história, e já peço desculpas, novamente, por julgar mas relatos como o seu quase sempre vêm de pessoas que cresceram em uma realidade relativamente confortável e, ao se depararem com a experiência de começar do zero na Europa ou em outro país desenvolvido, entram em um sofrimento profundo, a ponto de desenvolver questões psicológicas. Sinceramente, eu acho isso patético porque isso vem de um local de ego muito forte, na minha opinião.

    Já vi inúmeros relatos “desesperadores” de brasileiros que foram morar na Irlanda, país onde morei por anos, descrevendo situações que, para mim, são absolutamente normais. Começar do zero na Irlanda (ou em qualquer país desenvolvido) muitas vezes significa limpar banheiro, limpar esgoto e fazer trabalhos pesados e nojento por anos. Isso faz parte do processo.

    Além disso, é óbvio que, como estrangeiros, sempre vamos nos sentir um pouco deslocados e excluídos. Mesmo quando não há preconceito direto, essa sensação existe. É o preço que se paga, infelizmente.

    O ponto é o seguinte: eu voltei para o Brasil em 2016, por motivos de saúde da minha mãe (cuido dela até hoje). Hoje sou gerente financeiro de uma clínica, tenho um bom cargo, um bom salário e uma vida muuuito confortável financeiramente. Ainda assim, te digo com absoluta certeza: eu preferiria mil vezes ser faxineiro na Irlanda, andar de ônibus e viver com simplicidade, do que ter carrão, status e morar no Brasil. Nada, absolutamente nada, paga a calmaria, a previsibilidade e a qualidade de vida de um país desenvolvido. Isso não tem preço.