Esse é o típico termo que já havia entendido por empirismo, mas só descobri que existe um termo apropriado depois. Basicamente é aquele atitude de admiração, submissão, bajulação de quem pertence a classes mais baixas com relação a pessoas que pertencem ou parecem ser de classes mais altas. Isso sempre me incomodou, ainda mais pelo fato de replicar esse comportamento algumas vezes de forma instintiva, devido a ser meio que uma "convenção social" passada por osmose. Talvez isso seja herança do passado escravista? Talvez, e da desigualdade social que foi gerada partir disso. Mas defendo que isso tem que ser discutido, por mais que você não ache que nunca se comportou assim, inconscientemente você avalia pessoas com base na vestimenta, veículo, vocabulário, linguagem corporal, e com base nisso determina se uma pessoa e desejável ou não.
O que acham a respeito? Já ouviram falar no termo? Já se pegaram pensando que se comportaram assim de forma consciente ou não?
Nunca vi o termo mas achei legal reparar.
Nunca ouvi esse termo, mas parece mais uma ferramenta da elite pra manter a ralé aqui embaixo. O pobre fica olhando pra cima, admirando e pensando que se trabalhar bastante e comprar o curso daquela coach um dia ele chega lá.
Não diria ferramenta, mas um comportamento que é consequência de uma construção social, baseado que existem pessoas que você deseja se aproximar e outras deve se afastar. Me parece um legado claro do passado escravista.
Não digo que isso seja uma mera herança, mas sim faz parte de um estratagema muito, mas muito mais profundo.
Desde que humanos se conhece por gente, o conceito de hierarquia sempre foi forte em nosso instinto. E eu vou até arriscar a dizer, assumindo que não sou um especialista em antropologia, claro, de que esse tal servilismo é um efeito colateral inconveniente, mas presente de nosso instinto como animal social. Nós tendemos a se agrupar como um coletivo, claro, mas é inegável que nós somos muito suscetíveis a agrupar melhor com um determinado grupo de pessoas do que outras. Se quer meu palpite, acredito que tal instinto só exista porque nossa natureza social deva ter surgido observando nossas famílias, e com isso, gerando um senso de "prioridade" comparado a outros seres humanos. O instinto de sobrevivência é tudo, menos racional afinal de contas.
O problema é que isso também é passível de ser deturpado por fatores externos. Tomando como exemplo isso que você disse sobre classes mais baixas bajulando as maiores, eu tendo a associar isso graças a nosso teimoso instinto da gente sempre precisar de algo "tangível" para dar sentido à existência. Então, não seria absurdo pensar que essa tendência só existiu porque nós observamos prosperidade material e social como sinais de boas práticas de sobrevivência, nos fazendo idealizar tais elites como "um manual de como devemos viver". Desnecessário dizer que também ficamos espertos em como abusar disso, criando esse jogo de poder que cria as desigualdades.
E a parte mais chata é que isso é um comportamento que até mesmo o mais sábio dos indivíduos se vê com dificuldades de superar, vide justamente estas tendencias de sempre assimilar padrões, instintivamente querendo abraçar elas como certos e errados, bons e maus, líderes e servos desde que nos conhecemos por gente, antes mesmo de termos conseguido criar a sabedoria e o desapego ao ego necessário para confrontá-la.
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Sim, não utilizei o melhor exemplo na minha explanação. Por exemplo, quando fazia faculdade tinha um gordinho loiro, tinhas boas vestimentas, falava umas besteiras vez ou outra, se comportando com um nerd de classe média alta e no geral introvertido. Esse rapaz era filho de família de advogados bem sucedidos, não se dedicava muito a faculdade só procurou fazer algo por pressão dos pais. Não era uma figura que tinha muito a agregar, nem na forma de se comunicar, nem de conteúdo pelo que eu percebia. Mas percebia que o pessoal tratava ele diferente, sempre puxando conversa, tentando o incluir nas coisas, etc. Sendo que não percebia esse tipo de tratamento do pessoal comigo e outros colegas que também tivessem um comportamento mais introvertido, muito pelo contrário. Dava pra perceber que o pessoal o tratava diferente pela etnia dele, classe social, status profissional dos pais, etc. Talvez por almejarem pertencer a mesma classe social ou de algum forma vislumbrar o status social que ele tem? Não dá pra saber exatamente, mas há evidências pelo o que observava. Eu também já fiz isso de forma inconsciente na época em trabalhava de suporte técnico pra pessoas de classe média alta, só vim perceber bem depois. Tipo, tentava falar mais explicado como uma forma direta de ter algum tipo de aprovação, causar boa impressão. Como se isso fosse fazer mais diferença que o desempenho do meu serviço, em fim, esse é o tipo de coisa que se aprende com o tempo.
Às vezes era mais networking também, nesse caso. Ou as pessoas viam algo nele, no papo ou na personalidade, que não te atrai, mas talvez sejam pessoas parecidas e os iguais se atraem. Não que isso invalide seu argumento central, aparências importam e além disso tem muita gente interesseira mesmo. Nesse caso específico não tenho como opinar sem conhecer as pessoas.
A turma era pequena querendo ou não dava pra ouvir o "papo", um moleque de 20 e poucos anos que nunca trabalhou e só fala coisas de dragon ball, jogos, atrair o interesse de gente com mais de 30 já dona do próprio negócio e nem tinha o perfil de "nerd/geek", não tem outra explicação. Tanto que as vezes o pessoal brincava: "Ah mas tu tem o contato das advogadas lá..."
É puro condicionamento. A pessoa vive servindo seus "superiores" e absorve isso na psiquê.
Tem uma história peculiar do naufrágio do Titanic. Depois dos avisos de evacuação, inúmeras famílias fizeram as malas e simplesmente ficaram inertes nos corredores e nas portas dos quartos, como se esperando que alguém os direcionasse. Vá pra tal deque etc. Muitos inclusive morreram nesse estado de desamparo aprendido.
Sim, o condicionamento vem de uma construção social. Os que servem sempre servem mesmo que de maneira inconsciente e vice versa.
Sei lá aquí eu vi muito disso. Não sei pra mim. É tipo ser mama ovo, sou estrangeiro e vi muito isso nos vendedores ou pessoas por ali. Sei lá não gosto acho esquisito e falso .
Um cara que estudou muito mas que já morreu disse:
"Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é se tornar o opressor".
E o outro que tbm já morreu estudou sobre quem tem a percepção da sua própria posição dentro de uma hierarquia social:
"Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência" aka consciência de classe.
Tem um termo novo entre os sociólogos rolando chamado tecnofeudalismo, mas ainda tão só filosofando e debatendo sobre do conceito. Acho um termo mais adequado aos dias de hoje
Putz, tudo aqui a galera tenta levar pro lado de militância política. Não falei nada no âmbito de redes sociais ou bigtechs. Indo nesse caminho de tecnofeudalismo, desvirtua demais a discussão...
No Brasil vemos o contrário, a aversão aos ricos, o ódio, o ressentimento, não só de dinheiro, mas de sucesso.
Esses dias vi um vídeo de uma pessoa tava de carro novo estacionado na calçada, a vizinha dele de rancor riscou a lateral do carro dele por inveja.
Nunca vi esse termo na vida real, o que eu observo é justamente o contrário.
Aversão a rico aqui onde moro só rola em bolha de militância, geralmente estudantes membro de diretório estudantil, sindicalista, membro de movimento social, etc. Inveja como no exemplo que citou já é outra parada, e geralmente e quando alguém que pertence a mesma classe ten ou aparenta ter mais que a pessoa.
Já as pessoas comum no trabalho por exemplo sempre rola bajulação com gestores e líderes. Trabalhei como terceiro em órgão público uma época, o vigilante e as recepcionistas nem falavam com a gente que era peão, mas com os auditores só faltavam lamber as bolas. Em qualquer ambiente que role alguma relação de dependência ou possível ganho de vantagens de quem tem menos pra quem ganha mais você vai observar coisas parecidas.
Essa questão do trabalho é claro que existe e não é por classe social, é por relação de dependência. Você prefere ser amigo ou inimigo do seu chefe?
Ambiente de trabalho não existe amizade, isso é indiferente. O que rola é uma relação de interesse, que vai de encontro com a motivação do comportamento descrito no post.
Então o servilismo social é um cenário exclusivo do ambiente de trabalho? Não consigo observar isso fora desse contexto.