Pessoal, venho pensando seriamente em fazer uma transição de carreira. Tenho 31 anos e sou Bibliotecária, com pós na minha área e atualmente exerço a profissão em uma escola.

Sempre fui curiosa sobre a complexidade do pensamento/comportamento humano, e já pensei na graduação em Psicologia, mas esse pensamento adormeceu durante um tempo. Agora eu tenho lidado diretamente com crianças e adolescentes e tenho observado de perto essa fase do crescimento, a curiosidade voltou a bater mais forte, e também a necessidade de ajudar conforme estabeleço conexões com alguns que se sentem mais a vontade de conversar comigo e desabafar até mesmo sobre problemas em suas casas.

Eu gostaria de saber como anda a área da Psicologia em si com vocês profissionais atuantes, estudantes. O que posso esperar do curso? O que posso esperar no cenário atual da profissão no nosso país?

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  • Área saturada e com baixos salários. A área em si é muito mais do que ficar escutando gente desabafar e dar conselhos, a prática clínica é muito diferente dessa sua experiência de acolher jovens no cotidiano. Digo isso para desmistificar um pouco essa ideia de que bons ouvintes são bons psicólogos. É possível que você possa ajudar jovens de outras formas e que não precisam de uma graduação de 5 anos.

    No mais, acho que a perspectiva da categoria não vai mudar. Por ter muita gente formada (e cada vez mais, dada a quantidade de uniesquinas) sempre vamos ter salários mais baixos e pessoas se matando pra passar em um concursinho tosco de município. Eu penso que antes de tomar essa decisão, que seria interessante você fazer terapia e entender mais a prática da categoria. É um trabalho que você precisa lidar 90% do tempo com conflitos.

    Apesar de eu realmente ser uma boa ouvinte e um psicólogo ter que ter sim essa característica, meu foco não seria apenas crianças e adolescentes e a terapia comum, e sim a área forense, pois é bem mais a minha cara, mas de começo não sei se seria tão simples ir diretamente.

    A escuta do psicólogo não é uma "característica" no sentido de inatismo, ela é técnica. Eu diria inclusive que um psicólogo não precisa ser um bom ouvinte para ser bom, mas isso é outra discussão.

    Sobre a área forense, acho ela extremamente nichada. Na prática seria passar em concurso pra judiciário ou perícia e é o tipo de concurso top tier, extremamente difícil de passar e que não acontece com regularidade.

    O que não é dificultoso pra você, não é mesmo?

    O papo de área saturada acho que já vi em todas, Direito, Medicina, TI, Marketing, Publicidade, Engenharia. Deve ser o papo de todo profissional frustrado de alguma área específica do saber.

    E como mencionei, já tenho uma ideia de que a área forense é sim nichada, por isso sei que não iria de cara entrar nela, e concurso é uma das poucas opções, mas já estou acostumada a eles.

    Não adianta projetar sua insatisfação em mim. Não é papo de profissional frustrado, eu este ano passei de 7k pra 9k de salário, com uma cacetada de benefícios e uma estrutura gigante do meu trabalho. Eu não sou frustrado comigo mesmo nem com a profissão, apesar de achar que eu deveria ganhar ainda mais. Quando as pessoas postam aqui com dúvidas como a sua, acho importante ter o pé no chão, porque é uma escolha de vida que elas vão ter que acatar. Eu poderia fazer aqui elegias ao esforço individual e de que se tiver força de vontade você se dá bem, mas acharia imprudente e alimentar um sonho que não é real, fora que é um discurso genérico.

    E sim, é a realidade do país. Só escolha fazer Psicologia depois de entender bem como é esse trabalho e ver se faz sentido. Eu no seu lugar, por exemplo, se a ideia é ser concurseira, focaria em ficar 5 anos estudando pra algum concurso foda se for o caso ao invés de graduar em Psicologia. Tem chances de ganhar muito melhor.

    Mas eu quero realidade sim, até pq eu não quero me frustrar. É que convenhamos... "saturada" realmente TODAS falam que estão, logo, o que as pessoas devem fazer? Deixar de estudar? Existem profissionais que irão se desenvolver bem na carreira e terão os que não vão, e isso é normal em toda profissão.

    O nosso país infelizmente tende a não valorizar mão de obra que não gere lucro, e olha que nem mesmo os que geram são valorizados, basta você fazer parte da mão de obra em si. É a estrutura.

    Acho importante poder contar com a experiência de quem já está na área, mas que não só me digam coisas negativas da profissão, pois isso todas têm. A minha mesmo não existe emprego. Me formei em algo que não tem emprego e que só consigo com muito custo ou então tenho que partir para concurso, e foi nessa que me tornei concurseira. E realmente, das duas uma: ou me formo em Psicologia e me esforço pra me dar bem no que eu tiver afinidade, ou não me formo em Psicologia e continuo estudando para um concurso nível Federal pica das galáxias para basicamente me aposentar nele.

    Acho que as pessoas precisam ter a coragem pra suportar a escolha delas nesse cenário, apenas isso. É algo simples.

    Ao meu ver, o cenário de se formar em Psicologia pra você só mudaria pra pior, porque você vai ficar 5 anos estudando pra refazer esse seu esforço do concurso. Eu sei que é duro, mas é a verdade pra maioria de nós. Isso não te impede de escolher fazer o curso, pode ser que você se transforme na trajetória e tudo mais.

    Mas se a questão for carreira? O cenário é esse e se for pra estudar 5 anos pra depois estudar mais sei lá quantos pra passar num concurso... melhor ir direto pro concurso pica, estabilizar e fazer Psico.

    Área forense é muito legal, a galera vê em série e fica querendo ir atrás mas no final raramente existe vaga para forense e no mais é gente que fez pós vendendo curso por aí de área forense para quem quer ir para área forense

    Só um concursinho deve salvar mesmo kkkkkk

    Olha, OP... Eu tava escrevendo um comentário pra dizer que se tu tem condições de fazer uma transição de carreira com calma, sem se colocar numa situação financeira apertada, pode ser uma boa ideia sim.

    Mas quando tu fala em focar totalmente na forense, aí eu prefiro ter mais cautela. Forense é nicho do nicho. É uma área bem limitada, com pouquíssimas vagas, acesso difícil e uma concorrência pesada. Claro que não é impossível, mas exige tempo pra se especializar e fazer contatos.

    É algo que vale pesar na balança, avaliar se você teria disposição de investir muitos anos da sua vida nisso, pra lá na frente talvez demorar pra conseguir se inserir na área.

    Penso nisso sim, e isso me deixa hesitante, até pq não sou tão novinha assim rsrs. 5 anos de graduação, especializações, concurso. São coisas que coloco na balança sim. Mas talvez na graduação eu descubra afinidade com outra coisa, não sei. Possibilidades!

    Acrescentaria o total descaso e inércia do nosso conselho profissional que nunca fez nada relevante para a classe.

    Tem muito influencer no insta vendendo a ideia de que a psicologia dá muito dinheiro. Aí o povo vem aqui achando que é um mar de rosas. Lê os comentários, dá de cara com a realidade e acha ruim. Kk

    Pois é, não podemos culpar elas por essa fantasia. Volta e meia aparece gente aqui dizendo "ah mas minha psicóloga cobra 200 reais, imagina atender 5x por dia e ganhar 1000 reais por dia, não consigo acreditar que vocês não são ricos! Só pode ser incompetência de vocês!". Eu até acho engraçado quando leio posts que falam coisas assim, porque é muito fantástico.

    O que eu acho mais preocupante do conselho de vocês é a inércia no caso dos evangélicos invadindo a profissão...

    Tem que ficar de olho no que esse pessoal religioso anda fazendo e propagando usando de pano de fundo a Psicologia.

    Sou psi e concordo com tudo o que o colega disse...

  • Olha sou psicólogo e amo psicologia, no entanto trabalhar com psicologia não é fácil, normalmente se é autônomo e pode-se ganhar bem, no entanto é bem inseguro. A época que mais ganhei bem tirava 8 mil e atendia quase 30 pacientes por semana como psicólogo clínico. Agora estou migrando para área de aluguel de salas de atendimento para médicos, psicóloga, fonos, etc e mantendo a psicologia como um extra/hobbies. Se seu desejo for ganhar dinheiro eu recomendaria fazer um concurso na sua área que é menos concorrido e estudar psicologia como hobbies. Hoje a psicologia está um pouco saturada e a realidade do Brasil não ajuda os psicólogos a ganharem muito, daqui 5/7 anos não tem como saber se vai piorar ou melhorar. Vai depender muito do que você deseja para seu futuro, mas é bem incerto

    É que o "ganhar dinheiro" pra mim não é o mais importante, entende? Olha a minha primeira escolha de profissão kkkkkkkkkkkkkk. Ser bibliotecário no Brasil é nem existir praticamente. Se vocês acham que Psicologia é saturada, a Biblioteconomia nem existe, e temos que acabar recorrendo basicamente para concurso. Inclusive eu sou concursada e estou aguardando convocação de um dos concursos que eu passei.

    Gostaria de trabalhar com o que eu gosto mesmo, com algo que traga algum sentido para mim, não que eu não goste da minha área atual, adoro cultura, adoro informação.

    Mas se fosse pelo dinheiro, eu iria para algo em TI, mas deixo com meu marido que já é da área.

  • Fico curioso sobre a sua área de biblioteconomia, que era um curso que pensei em fazer antigamente, eu entendi pelos seus comentários que você não quer, mas fiquei curioso, em questão de concursos sua área é razoável né?

  • Eu sou psicóloga formada há dois anos, pós graduada e tenho pensado em fazer graduação em biblioteconomia, por conta dos concursos com ótimos salários e concorrência mais baixa hahaha Olha, psicologia a gente faz por amor msm, pq financeiramente não compensa. Vc provavelmente vai continuar trabalhando na biblioteca e a clínica vai ser tipo um extra. Difícil viver só de psicologia. Mas, se quiser fazer só pra ter um conhecimento a mais, é bacana. Não sendo sua opção principal ou única opção de carreira é tranquilo.

  • Já pensou em entrar pra área de análise de dados? Acho que é uma forma de unir sua formação atual a seu gosto pelo comportamento humano, muitas empresas estão investindo pesado na contratação de pessoas que consigam juntar as duas coisas, expliquem tendências de compra e uso dos seus produtos e cataloguem isso, por exemplo.