È a mais afamada obra de Manuel da Costa Ataíde, mais conhecido como Mestre Ataíde (1762-1830). Maria tem traços mulatos, como ocorre com vários anjos, e está em atitude de oração assentada num trono de nuvens, rodeada por raios de luz e apoiada em um crescente lunar.

Abaixo de Nossa Senhoras está o Rei Davi, que é associada ao culto mariano no no Salmo 45:5: "*...o Santo dos Santos, onde habita o Altíssimo*". Trecho Interpretado com o fato de Deus ter preservado a Virgem Maria do pecado original, tendo em vista a Encarnação de seu Filho por meio dela. Dessa forma, Deus a santificou, tornando-a uma morada digna para o Seu Filho. Maria tornou-se o lugar de repouso vivo de Deus. Nela o Senhor habitou, nela o Senhor encontrou o Seu lugar de repouso.

A composição é complexa, ricamente colorida e integrada em si mesma e em relação à arquitetura da igreja. Carla Oliveira afirmou que "*ali naquele forro abobadado está cristalizado não só o amálgama entre ambos os estilos [o Rococó e o Barroco] mas, de forma mais contundente, também transparece visualmente o hibridismo do discurso visual construído durante o século XVIII na Capitania das Minas*".

Nas palavras de Carlos del Negro, "*O tom aconchegante e acariciante da luz que banha toda a composição do medalhão revela um certo grau de intimidade, consonância e vibração dos habitantes desse céu. Todas as figuras da composição só têm autonomia em função do conjunto. A orquestra é um segundo centro da composição pictórica pois determina a distribuição espacial do músicos. Poderíamos dizer que nesse forro ele pintou uma partitura e executou uma pintura. Essa foi uma inovação importante da pintura de Ataíde: introduzir no universo iconográfico da pintura religiosa a música; entra-se no céu ao som musical de uma orquestra celestial. A transposição da música para o paraíso, revela o valor estético e sagrado que esta linguagem adquiriu no simbolismo religioso das Minas Gerais*".