Em 4 de dezembro, as ruas do Centro Histórico de Salvador são tomadas pela cor vermelha: é dia de Santa Bárbara, festa secular que abre o calendário dos festejos populares e começou em 1641 quando o casal de portugueses, Francisco Pereira do Lago e Andressa de Araújo, fizeram uma promessa no Morgado de Santa Bárbara, no bairro do Comércio, ao pé da atual Ladeira da Montanha
Francisco e Andressa tiveram apenas duas filhas: Madalena e Francisca Pereira do Lago, em favor de quem foi reunido o patrimônio, composto de prédios e capela. Dois anos antes de instituído o Morgado de Santa Bárbara, em 1639, Francisco havia sido nomeado, pelo então governador Conde da Torre, capitão de infantaria e, em 1649, assumiu o posto de general. A primeira referência a Francisco Pereira do Lago é de 1624, quando lutou como capitão contra a invasão dos neerlandeses na Cidade de Salvador.
Com o tempo, o morgado foi sendo destituído e transformado em mercado, situado ao pé da Ladeira da Montanha, onde atualmente está o prédio da Rede Ferroviária Federal, na Praça da Inglaterra. Segundo a historiadora Hildegardes Vianna, no “Calendário de Festas Populares da Cidade do Salvador” (1983), todos os anos, no mercado que integrava o Morgado de Bárbara, bem como no Mercado de São João, que lhe ficava fronteiriço, os encarregados dos festejos se movimentavam para uma cotização geral. Os negociantes do comércio da Cidade Baixa de Salvador davam contribuições, sem exceção. O nicho era reformado e se fazia uma rigorosa limpeza no Mercado de Santa Bárbara, onde cordões de bandeirinhas coloridas, palmas de coqueiro e folhas de pitanga ornamentavam o espaço. Toda essa arrumação era para a festa de 04 de dezembro.
Quando o grande dia chegava, havia missa na Igreja do Corpo Santo ou na Matriz da Conceição da Praia, ambas na Cidade Baixa. Pierre Verger, no livro “Bahia – 1850”, que aponta as celebrações a Santa Bárbara como as que inauguravam o ciclo de festas populares na Bahia, registra, ainda, o perfil do festejo, desde aquela época:
“A festa de Santa Bárbara que cai no meio da novena de Nossa Senhora da Conceição é celebrada, sobretudo, pelos africanos e pelas pessoas que trabalham no mercado de Santa Bárbara na cidade baixa [...] a festa católica consiste em uma missa e uma procissão em torno do mercado dos Arcos de Santa Bárbara. Os devotos dessa santa organizam regozijos no interior do mercado, onde sambam e bebem cachaça em abundância” (1999, p.73).
Após um incêndio que destruiu o que restava do morgado, a imagem de Santa Bárbara, que ficava em uma capelinha própria, foi transferida para a Igreja do Corpo Santo, onde a devoção continuou sendo mantida pelos negociantes de toda a área. Bárbara havia ganhado fiéis, sobretudo entre os populares.
Celebrada no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, nem sempre a festa teve a proporção e visibilidade atuais. Por outro lado, o caráter popular que data mais de 380 anos nunca se perdeu.
Desde 1997, a festa é organizada pela Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo Irmandade Dos Homens Pretos. O evento reúne mais de 10 mil fiéis.
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