Antissépticos, antibióticos, anestesia, etc. Todas estas invenções são maravilhosas. Mas nenhuma tem um impacto civilizacional tão amplo e profundo quanto as vacinas.

Antes das vacinas, o cotidiado era marcado por uma presença constante da morte. Em qualquer idade, adoecer significava enfrentar um risco real e significativo de morrer, muitas vezes de forma lenta, dolorosa e inevitável. Doenças hoje praticamente inexistentes faziam parte do horizonte comum das famílias: crianças morriam de sarampo, coqueluche ou difteria; adultos jovens eram mutilados pela poliomielite; idosos frequentemente sucumbiam a infecções respiratórias simples, como a gripe. O medo não era abstrato: era um dado concreto da existência. O simples fato de hoje atravessarmos a vida inteira sem jamais ver um caso de tétano, ou sequer considerar essa possibilidade, é um indicador silencioso, mas eloquente, da transformação radical produzida pelas vacinas.

A vacina eliminou a varíola e reduziu drasticamente poliomelite, sarampo, tétano, coqueluche, e muitas outras. Todas estas doenças tinham altas taxas de mortalidade. A vacina controlou uma pandemia em cerca de dois anos (se não me engano, foi isso). Além do mais, nenhuma outra tecnologia humana combina tão bem eficiência, custo e escala: vacinas resolvem o problema, são baratas, e podem imunizar populações inteiras.

A vacina é a base de qualquer sistema de saúde sério. Não existe nada na história que tenha salvado mais vidas e modificado tanto a sociedade. Ela é a maior invenção da humanidade, e continuará sendo, mesmo que descubram a cura do câncer.