A chamada mega-operação no Rio de Janeiro do último dia 28, que resultou em centenas de mortos, traz algumas informações implícitas em relação ao colapso institucional. Outras podem ser inferidas:

I. O sistema que deveria ser punitivo em um primeiro momento e corretivo num segundo, de modo a ressocializar o indivíduo, não funciona. Boa parte dos mortos tinha ficha não-limpa e era reincidente;

II. O sistema de segurança pública sabe disso, já que o índice de reincidência no Brasil é de cerca de 70%.Então resolveram “jogar o lixo para debaixo do tapete” USANDO A CHACINA COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA. que resultou em centenas de mortes - representando o colapso institucional desse serviço público;

III. As mortes efetuadas pela polícia foram, essencialmente, por EMBOSCADA em área de floresta. O que explica o irrelevante número de baixas do lado da polícia, e a enorme quantidade de mortos do outro;

IV. Não houve um conflito convencional, quando ambas as partes têm consciência da posição uns fos outros - e então trocam tiros. A polícia já estava posicionada na mata e com ordens para matar. Se tivesse ocorrido conflito, a disparidade na diferença de mortes entre os dois lados seria menor;

V. O ato de enfileirar esses corpos na rua indica tentativa de traumatizar à população, acreditando que isso irá prevenir novos recrutamentos para as fações. Logo, trata-se de uma tática de terrorismo;

VI. Mas o trabalho da grande mídia, no entanto, será o de tratar a situação como legítima é aceitável. Para isso, devem usar duas estratégias principais: - A divulgação de antecedentes criminais foz mortos, apelando para a ideia que “bandido bom é bandido morto”; - A divulgação de pseudo-pesquisas onde supostamente a “maioria da população” apoia a operação;

VII. Tudo isso mostra que ao invés ser um “sucesso” a citada operação policial representa, em verdade, UM GRITO DE SOCORRO por parte das instituições de segurança pública que não sabem o que fazer diante de facções que possuem um modelo de negócios tão eficiente e auto-sustentável, que simplesmente resolveram não mais prender - apenas atirar à vontade. Ou seja: esses sistema público não acredita mais em si próprio. Mesmo sabendo que tal operação terá apenas algum efeito no curto prazo, pouco no médio prazo e nenhum no longo prazo - tal operação tem sido tratada com “sucesso absoluto”. O que demonstra que a dissonância cognitiva dessa gente entrou em um novo nível - onde se tenta resolver problemas socioeconômicos e de saúde pública com “bala”.