O que é Deus?

"Deus" quase sempre foi retratado como semelhante ao homem, divino, sem defeitos, beirando a perfeição ou sendo a própria perfeição. O homem vê "Deus" como um espelho, um ser igual a ele. Montesquieu, um filósofo, uma vez disse: "Se triângulos tivessem um Deus, ele teria 3 lados." Isso traz muito do que eu quero passar: a ideia mais famosa de "Deus" é um retrato de quem nele acredita. Montesquieu também acreditava que "Deus" não interferia no mundo após sua criação, ou seja, dando a nós mortais o livre-arbítrio. E com o nosso livre-arbítrio, o que fizemos? Segundo a nossa própria história, os religiosos são os que mais causaram guerras, principalmente católicos, cristãos e muçulmanos.

Eu diria que o Deus de Spinoza é a representação com a qual eu mais me identifico. "Deus é." Essa frase já diz muito sobre essa representação divina. "Deus" não precisa de uma imagem, um retrato, ele apenas é. Spinoza retrata Deus como a natureza, a criação; Deus está em tudo e tudo é Deus. Para Spinoza, tudo que existe é um modo ou atributo de Deus, logo, o homem faz parte de Deus. Esta é uma visão panteísta da ideia de Deus, onde esse "ser" não é uma entidade transcendente, mas sim algo natural.

Agora, falando sobre uma ideia mais "niilista", Nietzsche uma vez disse: "Deus está morto." Isso se parece com um pensamento de um ateu, faria até sentido, pois ele era realmente um ateísta. Mas essa afirmação não diz nada sobre isso. Essa frase fala sobre como a sociedade parou de levar a moralidade e a crença em Deus no topo de suas escolhas. A crença e a moralidade em Deus perderam sua validade nessa nova era (iluminista), e eu acho isso muito válido. Como na própria Bíblia diz, temos o livre-arbítrio. Mesmo seguindo uma religião, podemos ter nossas próprias escolhas, e eu acredito que essa perda de validade foi uma grande evolução humana dos últimos séculos. Mas o declínio da moralidade de Deus criou uma rachadura no próprio homem: o seu vazio, que antes era coberto pela sua crença, agora pode ser visto a olho nu.

O vazio do homem é claramente um dos principais motivos para encontrar uma resposta para tudo; sempre queremos mais, e nada é suficiente. Arthur Schopenhauer uma vez disse: "A vida é uma oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir." Nosso vazio só pode ser escondido por sonhos, pela busca de um sentido, mas, quando você tem o que quer, verá que o seu vazio só se propagou. Schopenhauer não acreditava em Deus, ele via o mundo como uma manifestação de força inconsciente, que pode ser chamada de "Vontade", que comanda os seres em geral, e não como uma criação divina.

"Se Deus não existe, tudo é permitido." Essa citação do livro "Os Irmãos Karamázov" de Dostoiévski, traz essa percepção niilista para o assunto, mas claro que esta afirmação não se sustenta, pois na definição mais famosa de Deus temos o livre-arbítrio, logo tudo já é permitido, mesmo Deus "existindo", não cometemos esses atos por pura ética enraizada, ou, medo de uma punição maior em breve.

Um "Deus" ou "deuses" são ideias sem definição, ou seja, ninguém está certo. Por isso, existem pessoas que não acreditam em Deus, os ateístas, ou que não podem definir isso, os agnósticos. Talvez a ideia do grande e poderoso "Deus" tenha sido criada para tirar o peso das nossas escolhas e evitar a dúvida constante sobre nossa existência e o vazio infinito que nos acompanha desde o começo de tudo. Ou, após a morte, realmente exista uma pós-vida, e estamos condenados a ir para lá em breve. Eu não sei "O que é Deus" por isso deixo em aberto o que eu realmente acredito, pois eu realmente não sei.