Sempre aparece alguém no sub querendo fazer grana rápido, ou relatando estar endividado e que faria tudo pra ter mil reais fáceis, então eis a solução combinada com um pouco de história.
Fui meio matuto, criado no interior, apesar de ser das gerações mais novas, então digamos que nunca tive muito contato com a diversidade quando era mais novo. Na minha cabeça, até uns 18 anos, eu nunca tinha nem conhecido um gay; só escutava disso na internet, e no meu imaginário todo mundo que não era hétero seria estereotipado igual à Vera Verão.
Aos 19 fui fazer faculdade na cidade do lado, e lá tive contato com muitas pessoas diversas, e fiz muitos amigos dos mais diversos tipos de orientação. Eles sempre mencionavam o tal do Grindr, que, pra quem não sabe, é basicamente o Tinder só que sem as mulheres. E a forma como eles contavam que aconteciam os encontros era sempre de maneira hardcore: gente sem nem ver a foto do outro já marcava em lugar deserto e ia pra lá mesmo. Sempre achei muito engraçadas as histórias, mas nunca tive curiosidade de entrar.
Corta pra uns anos depois, de férias na minha cidade, que é pequena e, como toda cidade pequena, não tem muito o que fazer além de ir a praças e represas. Numa dessas, eu estava fazendo cardio numa praça e um coroa me viu sem camisa correndo. Ele me parou meio sem jeito, mas foi direto ao ponto: me ofereceu cem reais pra engatilhar minha escopeta. Eu neguei, agradeci e continuei correndo.
Algumas semanas depois, no mesmo horário, encontrei o mesmo cara. Na primeira volta fingi que não vi; na segunda, ele me parou de novo. Já me adiantei dizendo que não queria, e ele respondeu que dessa vez seriam trezentos e cinquenta reais. Confesso que fiquei atônito. Ganhar trezentos pilas fácil assim, só pra deixar o velho lubrificar minha maçaneta. Pensei “que se foda”. Fomos pra um lugar afastado, foi lá mesmo, ele me passou o dinheiro em espécie e depois vazou.
Contei a história pros meus amigos gays da faculdade, e eles gargalharam, dizendo que isso era mais comum do que eu imaginava, que tinha muita “yag velha” que pagava por isso, inclusive no Grindr.
Algum tempo depois, meti o louco e entrei no app só pra ver qual era, deixando bem claro que só brocaria por dinheiro. Não demorou pra aparecer. No começo foi tenso, tive que apelar pra semente dos deuses, vulgo tadala, pra peça subir, mas pelo dinheiro que tava entrando, valia a pena.
Logo fiz uma rede de contatos numa cidade maior que a da faculdade e comecei a brocar uns coroas ricos, que pagavam muito bem. A maioria era advogado — pensa numa classe pra ter enrustido. O mais bizarro é que muitos eram casados, com mulheres lindas, mas tudo era fachada. Elas aceitavam a cachorrada deles.
Depois de um tempo, alguns incjusive começaram a me incentivar a ter contato com as mulheres deles e ainda pagar por isso, comi muita tranqueira, tanto mulher quanto homem. Numa dessas conheci uma loira linda, bem cuidada, educada, daquelas que parecem ter a vida resolvida. Passamos uma semana viajando por Balneário, eu, ela e o coroa. Em uma conversa, perguntei por que ela aceitava aquilo, e ela respondeu, com naturalidade, que era pelo dinheiro e pelo conforto. Aquilo me deu um estalo: por um momento, me vi nela e senti medo de acabar igual, confortável, mas preso e escravizado pelo dinheiro.
Nessa semana específica com esse casal, ganhei exatamente cinco mil e quinhentos reais, fora todas as mordomias, todas bancadas por eles.
Basicamente fiz isso durante todo o meu último ano de faculdade: ganhei dinheiro pra comer velho, esposa gostosa de velho, participar de festas privadas e viajar, tudo isso sem ninguém tocar no meu brioco, o que considero o mais importante. Fiz um pé de meia grande, investi boa parte do dinheiro, e o resto me ajudou a mudar de cidade pra seguir a profissão da faculdade.
Então acho que esse é o guia definitivo de renda pra todos os desesperados do grupo: basta colocar um shape legal e saber conversar.
Para de falar disso, o meu flamengo perdeu. 🥺
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Obrigado