Falo como ex-aluno. Não é “ouvi dizer”, não é intriga de internet, não é ressentimento místico. É convivência, treino, cobrança mensal e compra forçada de equipamento. Dito isso, vamos às fantasias que o Niten adora vender como verdade absoluta.

1. “Todos os equipamentos são japoneses e mais seguros”

Mentira simples e lucrativa.

Os equipamentos vêm dos mesmos revendedores usados por outras lojas no Brasil. A diferença é que lá eles são vendidos como se fossem exclusivos, sagrados e tocados pelo espírito de Musashi, com preço inflado porque o modelo de negócio exige isso.

Não é sobre segurança. É sobre controle de mercado e margem de lucro.

1. “Saímos da Confederação Brasileira de Kendo porque quisemos”

Não foi saída. Foi expulsão.

Motivos bem conhecidos:

Ensino de conteúdo fora do padrão técnico

Cobrança de mensalidades muito acima da média

Venda de material superfaturado

Recusa em seguir critérios mínimos da confederação

Reescrever expulsão como “decisão estratégica” é só marketing defensivo.

1. “Aqui não é kendo, é kenjutsu”

Mentira conceitual.

O kendo é justamente uma sistematização moderna de vários estilos de kenjutsu, criada para treino, exame e competição. Isso não é opinião, é história básica da arte.

O que aconteceu foi simples:

Após a expulsão da CBK, não podia mais dizer que ensinava kendo

Então inventou-se o rótulo “kenjutsu combate”

Que, na prática, é kendo com firula estética, sem respaldo institucional

Não virou kenjutsu porque mudou o nome. Só virou um híbrido sem critério.

1. “No kendo só se usa Chūdan”

Isso cai em cinco minutos de YouTube.

Qualquer torneio oficial mostra uso de Jōdan, Nito, Hassō, adaptações táticas e variação de kamae conforme contexto. Quem afirma isso ou não assiste kendo ou finge que não assiste.

1. “No Japão punição física ainda é normal”

Não é.

Inclusive houve denúncias públicas contra técnicos de alto nível por abuso físico. Um caso famoso envolveu técnico da seleção japonesa de karatê.

Treino rigoroso não é sinônimo de agressão. Violência não é tradição. Isso é desculpa para autoritarismo.

1. “O Japão não cometeu crimes de guerra”

Isso não é nem polêmica. É negação histórica.

Qualquer livro sério de história aborda:

Massacre de Nanking

Experimentos da Unidade 731

Violência sistemática em territórios ocupados

Negar isso não é defender cultura japonesa. É revisionismo barato.

1. “O sensei vem de família nobre e deve ser tratado como senhor feudal”

Aqui a vergonha alheia atinge níveis perigosos.

Arte marcial não é feudo. Sensei não é daimyo. Treino não é servidão simbólica. Se alguém precisa de genealogia imaginária para exigir obediência, o problema não é dos alunos.

1. “Atletas do Niten vencem qualquer sensei japonês”

Na prática, não.

Quando sensei da polícia de Tóquio apareceu, o mito evaporou. E evaporou rápido.

Propaganda é uma coisa. Realidade técnica é outra.